E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez
para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)" (1)
(No dia do desaparecimento físico do poeta que pelo seu universalismo e humanismo se colocou muito acima do seu tempo vivido. É o grande poeta da língua portuguesa, inventou-a em certo sentido e foi ainda o filósofo das partidas esquecidas e dos sonhos de conquista do infinito universo. Chama-se Fernando Pessoa, andou por aqui durante os milénios dos seus sohos e faz hoje setenta e seis anos que adormeceu. Continua a incomodar o país de bruma e o real tão feito de aparentes compromissos de verdade e imaginação.)
(1) Fernando Pessoa, Obras Completas
Imagem, amybates.com
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