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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A viagem do Ulisses


A manhã de nevoeiro não assombrou o gosto pela aventura trazido pelos alunos do 6º ano da EB 2, 3 Drº Armando Lizardo e da EB/JI do Couço que, na semana de 19 a 22 de Março, embarcarem na história e reconstruiram toda a odisseia à volta da viagem de Ulisses até Ítaca.
Foram muitos os marinheiros, cerca de 178 alunos que, depois de terem lido a obra Ulisses, da escritora Maria Alberta Menéres, nas aulas de português, participaram num Peddy-Paper “Uma Viagem com Ulisses”, atividade realizada em conjunto com as Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Coruche e o Museu Municipal de Coruche.
A Rainha, figura recriada pela professora de Português que acompanhava a turma, dava ordem de saída do Palácio para as equipas se fazerem ao mar, os Ciclopes, os Argus, os Deuses do Olimpo, os Polifemos, os Apolos, As Circe foram, entre outros nomes, os   protagonistas desta epopeia.

A valentia e a curiosidade marcaram a postura destes jovens descobridores, gente habituada às intempéries e à agitação do mar da sua adolescência, lá foram remando contra o tempo e a favor da história,desafiando pistas e enigmas, cruzando os conhecimentos da disciplina de Português com os da área da história universal e local.

 Navegaram de Barco até ao interior da exposição, A Magia da Mão, onde desvendaram os segredos do universo, passaram pelos períodos da história, conheceram de perto os costumes dos romanos, saudaram Minerva, a deusa da sabedoria, encontraram o caminho para o rio e desaguaram numa ilha de cores, pintada de feitiços e magias em que Circe, a famosa feiticeira, lhe propôs o derradeiro enigma, responder às perguntas com os olhos abertos sem estar a dormir, desafiando a lei de Cérbero, o cão do Hades, o reino dos Mortos.


 De regresso ao palácio, as equipas passavam por uma verdadeira conferência de dados por parte da Rainha que, após um conselho mediado pelos deuses, aclamava a equipa vencedora. Ao palco do salão real foram chamados todos os alunos que, das mãos de Ulisses e sob a proteção de Minerva, receberam um certificado confirmando a sua bravura e a sua astúcia.
 


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Autor do mês de fevereiro


Notas Biográficas
Raul Germano Brandão nasceu na Foz do Douro a 12 de março de 1867, localidade onde passou a sua adolescência e mocidade. Sendo filho e neto de homens do mar, o oceano e os homens do mar foram um tema recorrente da sua obra.

Depois de uma passagem menos feliz por um colégio do Porto, Raul Brandão alinhou no  para o grupo : “ Os  Nefelibatas”1 do fim do século. Simbolistas. Anti-sociais, consideravam a sociedade uma fera, pavoneavam-se de rebeldes por sistema, sem motivos aparentes sequer .É sobre o   signo desta ideologia, que desperta para o mundo das letras e publica as suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com este ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado. Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária.

Frequentou no Porto o Curso Superior de Letras e matriculou-se depois na Escola do Exército para satisfazer a mãe. Entrou para a ativa militar em 1888. Promovido a alferes em 1896, foi reformado no posto de major, em 1912. Como alferes, foi a Lisboa, onde se dedicou ao jornalismo. Colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje, da qual foi codiretor (1894-1896), e em A Arte, sendo chefe de redação dos jornais O Dia e A República. Estreou-se na literatura com os contos naturalistas Impressões e Viagens (1890). A influência do grupo do Porto de boémios nefelibatas1, entusiastas do simbolismo decadente, nota-se ainda na História dum Palhaço (1896).

A partir de 1903 mudou-se para a Casa do Alto, nos arredores de Guimarães. Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e estudos históricos.  A sua prosa, simples e tensa, tem forte dramaticidade e visível idealismo no lírico anarquismo niilista2. Os seus textos resumem simpatia e angústia ao evocarem as desgraças dos humilhados e ofendidos, sob influência direta da leitura de Dostoievski, sendo nesse aspecto um caso ímpar na prosa portuguesa.

Faleceu a 5 de dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, deixando uma extensa obra literária e jornalística.
 
1–Nefelibata  (grego nephéle, -es, nuvem + -bata) Que ou pessoa que anda ou vive nas nuvens. Que ou quem é muito distraído. Diz-se de ou escritor, geralmente excêntrico, que faz prosa e versos nebulosos. 2-Niilismo (latim nihil, nada + -ismo)  -Redução a nada. Negação de todo o princípio religioso, político e social. ( o niilismo está  associado ao filósofo  Friedrich Nietzsche
 Notas Bibliográficas

Algumas obras da sua vasta Bibliografia:

· Os Pobres (1906)*

· Húmus (1917),

· Memórias (1919, 1925, 1933), em três volumes,

as peças de teatro :

· O Gebo e a Sombra (1923) 

· O Doido e a Morte (1923) *

· Pescadores (1923) 

· As Ilhas desconhecidas(1926)*

· O Pobre de Pedir (1931)

· A Noite de Natal (em co-autoria com Júlio Brandão)*

 
* Disponível na BE
 
 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Brand%C3%A3o
 
 
"O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas."
in"Húmus"
 
 
 
“Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio de luz que me trespassa. Tomo então apontamentos rápidos – seis linhas – um tipo – uma paisagem. Foi assim que coligi este livro,
juntando-lhe algumas páginas de memórias. Meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadrinhos do ar livre, são melhores quando ficam por acabar. Estas linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. – Eu também nunca mais a esqueci…”
 
in “Os Pescadores”
 


 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
alinhou no  para o grupo : “ Os  Nefelibatas”1 do fim do século. Simbolistas. Anti-sociais, consideravam a sociedade uma fera, pavoneavam-se de rebeldes por sistema, sem motivos aparentes sequer .É sobre o   signo desta ideologia, que desperta para o mundo das letras e publica as suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com este ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado. Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária.

 

Frequentou no Porto o Curso Superior de Letras e matriculou-se depois na Escola do Exército para satisfazer a mãe. Entrou para a ativa militar em 1888. Promovido a alferes em 1896, foi reformado no posto de major, em 1912. Como alferes, foi a Lisboa, onde se dedicou ao jornalismo. Colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje, da qual foi codiretor (1894-1896), e em A Arte, sendo chefe de redação dos jornais O Dia e A República. Estreou-se na literatura com os contos naturalistas Impressões e Viagens (1890). A influência do grupo do Porto de boémios nefelibatas1, entusiastas do simbolismo decadente, nota-se ainda na História dum Palhaço (1896).

 

A partir de 1903 mudou-se para a Casa do Alto, nos arredores de Guimarães. Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e estudos históricos.  A sua prosa, simples e tensa, tem forte dramaticidade e visível idealismo no lírico anarquismo niilista2. Os seus textos resumem simpatia e angústia ao evocarem as desgraças dos humilhados e ofendidos, sob influência direta da leitura de Dostoievski, sendo nesse aspecto um caso ímpar na prosa portuguesa.

 

Faleceu a 5 de dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, deixando uma extensa obra literária e jornalística.