Tecer ideias, estabelecer conversações e partilhar saberes

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Projeto da IAC

IAC, Centro de Estudos, Documentação e Informação sobre a Criança promove um concurso de participação de jovens que sejam estudantes do 1º, 2º e 3º Ciclos. A ideia partiu de José Fanha e é promovida e organizada pelo Centro de Estudos de Apoio à Criança e pretende promover ideias criativas sobre a temática - Direito À Diferença - Eu mais Tu. Pretende-se que o jovens expressem as suas ideias no formato Fotografia / Vídeo, utilizando o telemóvel. Para mais informações, aceder aqui.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Auto da Barca do Inferno - Mariana Teles - 9ºC

No passado dia 28 de Novembro, as turmas de 9ºano da Escola Secundária de Coruche foram em visita de estudo onde assistiram a uma peça de teatro. Intitulava-se “Auto da Barca do Inferno” do grande dramaturgo português Gil Vicente, representada pela companhia “ O Sonho”, cujo encenador é Ruy Pessoa. Este texto dramático apresenta-nos da vida depois morte, onde cada um tem um destino: o Paraíso ou o Inferno.

A peça foi muito bem representada, com destaque para o ator que desempenhava o papel de Diabo, que fez um ótimo trabalho. Todas as cenas foram bem interpretadas, à excepção da cena do Frade, que estava um pouco mal organizada e pouco original.

Esta peça é, sem quaisquer dúvidas, muito interessante e divertida, pois podemos ver como eram as pessoas na época de Gil Vicente e todos os pecados que cometiam e, por consequência desses mesmos erros, qual o destino que viriam a enfrentar.

Maria Teresa Pereira - 9ºC

A peça “Auto da Barca do Inferno” está atualmente em cena no auditório do BES, representada pela companhia de teatro “O Sonho”. Com textos originais de Gil Vicente e encenada magnificamente por Ruy Pessoa, esta peça mostra a qualidade do que é português.

Contando com uma excelente interpretação, um cenário cativante e um vestuário adequado à época retratada, os actores conseguem manter o público interessado na hora e um quarto que demora a peça de teatro.

As ocasionais participações de membros da audiência auxiliaram na tarefa de manter atento o público habitual, constituído por alunos que, de outra forma, ficariam aborrecidos devido à grande duração da peça.

É, sem dúvida, um teatro a não perder, para quem quiser passar uma hora na companhia de bom entretenimento e ver, divinamente representada, uma das peças mais emblemáticas da literatura portuguesa.

Bernardo Cortez - 9ºC

No auditório do BES, em Lisboa, a companhia “o Sonho” representa um dos espectáculos de maior sucesso: “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente.

É uma peça simultaneamente critica, cómica e com uma grande interação com o público, que por vezes, se torna, até, excessiva: na minha opinião, a intervenção dos alunos não se justifica na cena do Corregedor e do Procurador.

Esta peça é profunda, para alguém que conheça ou que consiga entender a sua mensagem crítica. Se não for esse o seu caso, a companhia propõe apenas uma hora de alguma comicidade e distração.

Ana Cláudia Lobo - 9ºC

Teatro “Auto da Barca do Inferno”

No passado dia 28 de Novembro, pelas 15:30h, tive a oportunidade de assistir à peça “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, que teve lugar no auditório da BES. A peça foi realizada pela companhia de teatro “O Sonho”, cujo encenador era Ruy Pessoa.

Ao ver a peça, pude reparar que estava muito bem realizada. O facto de as personagens interagirem com alguns alunos captou a atenção de todo o público. A peça provocava várias vezes o riso e achei particularmente engraçadas as personagens do Diabo e do Parvo. Também gostei da personagem da Alcoviteira, sobretudo por também eu ter feito uma representação daquela cena com as minhas colegas.

Em suma, achei a ida ao teatro uma boa estratégia para podermos assistir, de uma forma mais apelativa e engraçada, ao Auto que estudámos em sala de aula.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Memória do Holocausto

"Quem me dera poder mostrar-te, poder fazer com que visses...o renascimento desta nova Alemanha guiada pelo nosso Amado Chefe! Um povo tão grande não podia jazer eternamente subjugado pelo mundo. (...)Há movimentos que são muito maiores do que os homens que os desencadeiam. Pela minha parte, faço parte do movimento. (...) Esta censura, estas perseguições aos espíritos livres, o incêndio de bibliotecas e a corrupção das universidades haveriam de merecer a tua indignação, mesmo que ninguém tivesse levantado a mão contra os da minha casa."
"A inexorável marcha para o terror racial começou no dia em que se tornou chanceler. Em Fevereiro de 1933, foram suspensas as liberdades de expressão, associação, imprensa e outros direitos básicos. (...) O Estado de Direito foi substituído pelo terror policial arbitrário. A compaixão, a humildade ou o amor ao próximo eram escarnecidos como fraquezas pela elite nazi, e o fanatismo racial, liderado e imposto pelas SS, começou a derrubar a porta da rua,que sempre protegera as pessoas dentro de suas próprias casas."

(Deixamos dois livros sobre essa inquieta questão de explicar como foi possível um homem com o percurso de Hitler construir um regime, em que tantos se calaram, se acomodaram ao sofrimento de milhões. Nesta inexplicável narrativa, a cultura, a literatura e as artes mantiveram-se na Alemanha Nazi. De que valem elas se são indiferentes ao sofrimento?

E é este o mistério que a Historiografia continua a tentar responder, "deslindar o essencial da história desta feliz coincidência entre a desumanidade mais sistemática e uma forma de simpatia ou indiferença geradora de uma cultura tão elevada" (George Steiner, O Silêncio dos Livros). O nazismo, corolário da genialidade do mal, revela-nos como dos livros à rua, da cultura à vida há uma distância maior que a vida de um ser humano).

No Aniversário de Lewis Carroll

Alice no País das Maravilhas, ou a narrativa intemporal do tempo da infância.
(Imagem, Charles Folkard, 1929)

Auschwitz - Na memória do Inexplicável

Memória de Mozart


(No nascimento de um dos génios , que compôs em imaginação um mundo onde a beleza e o pensamento nos deram a nossa identidade humana. O que nos legou é uma composição de imortalidade que nunca saberemos agradecer na sua devida dimensão.)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Memória de Virginia Woolf

"O sol ainda não nascera. Era quase impossível distinguir o céu e o mar, mas este apresentava algumas rugas, como se de um pedaço de tecido se tratasse. Aos poucos, à medida que o céu clareava, uma linha escura estendeu-se no horizonte, dividindo o céu e o mar. Então, o tecido cinzento coloriu-se de manchas em movimento, umas sucedendo-se às outras, junto à superfície, perseguindo-se mutuamente sem parar.

Quando se aproximavam da praia, as barras erguiam-se, empilhavam-se e quebravam-se, espalhando na areia um fino véu de água esbranquiçada. As ondas paravam e depois voltavam a erguer-se, suspirando como uma criatura adormecida, cuja respiração vai e vem sem que disso se aperceba. Gradualmente, a barra escura do horizonte acabou por clarear, tal como acontece como os sedimentos de uma velha garrafa de vinho que acabam por afundar e restituir à garrafa a sua cor verde.

Atrás dela, o céu clareou também, como se os sedimentos brancos que ali se encontravam tivessem afundado, ou se um braço de mulher oculto por detrás da linha do horizonte tivesse erguido um lampião e este espalhasse raios de várias cores (...). O mar foi, aos poucos, tornando-se transparente, e as ondas ali se deixavam ficar, murmurando e brilhando, até as faixas escuras quase desaparecerem."

(Lembrando na data do seu nascimento uma escritora muito especial, num livro fascinante sobre o Tempo, o Real, a dimensão da existência humana confrontada com a finitude das suas acções).

Parabéns Eusébio

(No dia do seu nascimento, a celebração de um homem que soube na sua arte, colocar emoção, paixão, capacidade e talento. É muito do que precisamos todos os dias, no Desporto e nas diferentes áreas da sociedade, para resgatar dias com mais brilho.)

Memória de Tom Jobim



(No nascimento de Tom, na memória e nas cores que nos encantaram em dias de sol e beleza, a recordação eterna de um dos maiores criadores em língua portuguesa).

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Memória de Adriano

"Quase todos desconhecem igualmente a sua justa liberdade e a sua verdadeira servidão. (...) O que me interessava não era uma filosofia de homem livre, mas uma técnica: queria encontrar a charneira em que a nossa vontade se articula ao destino, onde a disciplina secunda a natureza em vez de a refrear. (...) A vida era para mim como um cavalo a cujos movimentos nos unimos, mas depois de o ter ensinado o melhor possível. (...)

Porque espero pouco da condição humana, os períodos de felicidade, os progressos parciais, os esforços de recomeço e de continuidade parecem-me outros tantos prodígios que compensam quase a massa enorme de males, dos fracassos, da incúria e do erro. (...) As palavras liberdade, humanidade, justiça reencontrarão aqui e ali o sentido que temos tentado dar-lhes". (...)

Alguns homens pensarão, trabalharão e sentirão como nós; ouso contar com esses continuadores colocados a intervalos irregulares dos séculos, com essa intermitente imortalidade." (1)

(Recordar entre o escultor do tempo, uma memória, uma mensagem que nos dá o valor das ideias que pelo tempo que vivemos parecem pouco relevantes no quotidiano. Assentes no valor utilitário, nos dias que correm ouvimos declarações de esquecimento pela dignidade, por onde a preocupação solidária se afasta do coração humano. Adriano, no princípio da era cristã, um imperador, que ainda nos dá a sabedoria do que significa o governo da cidade, como espaço de sociedade).
(1) Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano

domingo, 22 de janeiro de 2012

Capirtal Europeia da Cultura 2012


Iniciou-se este fim-de-semana e trará importantes eventos no domínio cultural e de afirmação de uma memória e de um território. A conhecer em, detalhe, por aqui.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Memória de Paul Cezanne

(Paul Cezanne, um artista que se situou entre o Impressionismo e o Cubismo, que nos deu na alagria da cor, perspectivas diversas dos objectos, do real, em composições novas de luz. De um tempo onde a magia do quotidiano envolvia-nos com as oportunidades fascinantes de riscar o azul, quando a eternidade parecia à distância de um olhar. Num tempo em que parece ser dispensável este olhar poético sobre o que nos rodeia, a memória do nascimento de um grande pintor que nos mostrou que pela cor também se transforma o mundo.)

Imagem, in cultura.culturamix.com

Memória de Eugénio de Andrade

Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui:
frescos, matinais, quase de orvalho, de coroação alegre e povoado.

Ponho neles a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.

Alguns pensam que são as mãos de deus
- eu sei que são as mãos de um homem,
trémulas barcaças onde a água,
a tristeza e as quatro estações
penetram, indiferentemente.

Não lhes toquem: são amor e bondade.
Mais ainda: cheiram a madressilva.
São o primeiro homem, a primeira mulher.
E amanhece

Eugénio de Andrade, Coração Habitado
Imagem, TaiebAyat.com

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Meu Primeiro Miguel Torga

"Estou sempre pela primeira vez em todos os lugares" (Miguel Torga, Diário XV)

Memória de Torga

"Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.

De nenhum fruto
queiras só metade.
E, nunca saciado, vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças." (1)


(1) Miguel Torga, Sísifo, in Diário XIII
Imagem, in mardepedra.blogspot.com

(Sobre o autor do mês que há já dezassete anos partiu para a montanha, de onde nasceu e de onde ergueu a voz de uma luta incansável do "amor, da verdade e da liberdade", na respiração de um território de pedras, de pessoas, sonhos e cansaços.)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Memória de Rudyard Kipling

"Se fores capaz de não perder a cabeça,
quando todos à tua volta perdem a deles
e te culpam
por isso.

Se fores capaz de confiar em ti mesmo
quando os outros duvidam,
mas aceitando perguntar-te
se não terão um bocadinho de razão.

Se fores capaz de esperar, sem deixar que a espera te canse,
ou sendo alvo de calúnia, te recuses caluniar.
Ou sendo odiado, não te deixares levar pelo ódio,
sem te tornares sobranceiro, nem te perderes em palavras ocas.

Se fores capaz de sonhar,
sem deixar que os sonhos te escravizem.
Se fores capaz de pensar, 
mas não cruzares os braços.

Se fores capaz  de viver
o triunfo e a desgraça
tratando-os a ambos
como os impostores que são.

Se fores capaz de suportar ver a verdade das tuas palavras
deturpada por velhacos para a transformarem em
armadilhas para os tolos, ou vendo as coisas a que dedicaste a vida, feitas em pedaços,
te vergaste para a construires com ferramentas já gastas.

Se fores capaz de juntar numa mão cheia todos os
teus ganhos e arriscá-los num cara ou coroa,
perder e começar do zero,
sem nunca soltar um lamento.

Se fores capaz de obrigar o teu coração, o teu corpo, o teu espírito,
a servirem a tua vontade,
mesmo depois de exaustos, e assim manteres-te  de pé,
quando já nada resta dentro de ti, excepto a força que lhes diz, aguentem!

Se fores capaz de falar às multidões
sem perder a virtude
caminhar com reis, 
sem deixares de seres simples.

Se nem os teus inimigos, nem os teus amigos mais queridos,
te conseguem magoar.
Se todos os homens contam contigo
nem nenhum dispõe de ti.

Se és capaz de preencher o feliz minuto
com 60 segundos vividos plenamente
Tua é a Terra e tudo o que nela existe
e, o que mais importa, serás um Homem!"

Rudyard Kipling, Carta a um filho

(Memória de um escritor que faz parte da nossa memória colectiva. Rudyard Kipling ficou mais conhecido com os seus contos infantis, em especial o seu Livro da Selva. Mas ele foi mais do que isso. Prémio Nobel da Literatura em 1907, escritor e poeta, na sua obra compreende-se o ocaso dos impérios na passagem do século XIX. Em cima um pequeno  poema, para crianças de todas as idades.)

Concurso Nacional de Leitura

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Projeto de leitura e intercâmbio cultural

A RBE, o PNL e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento lançam conjuntamente a 1ª edição do Concurso Ler Português, que tem como tema "Liberdade e Segurança numa Sociedade Plural". Destinado a alunos do ensino secundário, está organizado de modo a permitir a participação de equipas formadas por um professor e três alunos. Podem participar equipas pertencentes a escolas de Portugal Continental, Açoes, Madeira e Estados Unidos da América.

O concurso pretende promover a leitura e a escrita, nomeadamente a utilizaçáo da Língua Portuguesa, explorando melhor as práticas de leitura, envolvendo a participação e a troca de experiências entre alunos de diferentes realidades sociais e culturais. As equipas participantes, formadas por oito elementos (um professor etrês alunos de cada um dos países) é coordenado pelos respetivos professores. A participação concreta far-se-á através da criação, edição e publicação de conteúdos num blogue atribuído a cada equipa, havendo ainda a realização de um trabalho final.

As equipas vencedoras terão como prémio um programa de intercâmbio cultural entre Portugal e os Estados Unidos, podendo em concreto conhecer realidades culturais diversas, assim como se promovem e se caracterizam as realidades da leitura nesses países, dinamizadas pelas escolas e bibliotecas. Para obter mais informações, aceder aqui.

sábado, 14 de janeiro de 2012

A Festa dos Livros

A Festa dos Livros, a decorrer na Fundação Copertino Miranda, na cidade do Porto, um acontecimento já com a tradição de acontecer há quase duas décadas e que permite adquirir livros a preços muito baixos e onde se podem encontrar livros de grande interesse, pelo fundo disponibilizado. Este ano terá dois palcos simultâneos, "Ponto de Encontro" e "Juvenil", onde se dão conta das novidades no plano da edição. Até 28 de Janeiro, na Boavista,  de segunda a sexta-feira, entre as 13 e as 20h horas e aos sábados e domingos das 10 às 20 horas.

Capital Europeia da Juventude

Iniciou-se hoje a abertura da Capital Europeia da Juventude, que durante 2012 está entregue à cidade de Braga. A capital europeia da juventude, procura através de um programa variado de diversas actividades estimular o debate sobre a participação dos jovens na sociedade. Estão programados espaços que irão promover as questões relacionadas com a cultura jovem, o emprego e a relação entre gerações.

O arranque deu-se hoje, com diversas manifestações artísticas que foram promovidas por associações e escolas da cidade. Pelo "Arco da Porta Nova", deu-se a inauguração simbólica que foi complementada ao fim da tarde, pelos Drumatical Theatre, por onde um conjunto de jovens realizou projecções e efeitos visuais. 

Durante os próximos meses, Braga, como cidade e as questões relacionadas com a juventude terão um destaque com diversos eventos, espaços e ideias que importam destacar pela sua relevância no contexto nacional.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ilustrarte

A partir de hoje e até 8 de Abril, a Ilustrarte, Bienal Internacional de Ilustração para a Infância dá-nos a conhecer um amplo conjunto de ilustradores que fazem nascer nos livros infantis formas sedutoras para as palavras. 

A decorrer no Museu da Electricidade e de entrada livre, de terça a domingo, entre as 10 horas e as 18 horas. 

Ao longo das próximas semanas daremos conta de algumas das iniciativas e dos autores representados. É uma boa sugestão para uma saída num fim de semana. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Adormecer a Noite


No mês do seu nascimento, a ele voltaremos mais vezes, pois, Mozart é uma das raras formas da genialidade humana, nesse diálogo simples e belo que é a comunicação que os anjos têm entre si.

Mozart, Piano Concerto Nº 27 Flat Major K 595 (Maria João Pires)
Imagens, in musicfortheblogofit.blogspot.com

Congresso Alves Redol

Na conclusão de um ano evocativo da obra do autor de Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos, um congresso que se afigura muito interessante sobre uma obra importante na criação das atmosferas sociais de uma forma de existir que foi a de portugal, na 1ª metade do século XX.

Autor do Mês da Biblioteca


"De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade  e da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo?" (1)

É o autor do mês de Janeiro nas Bibliotecas do Agrupamento. Miguel Torga é um dos valores  mais elevados da cultura humanista que se afirmou em Portugal durante o século passado. Com Torga aprendemos o valor do ser, numa gramática onde a geografia e a alma das pessoas foram o ambiente das suas palavras. Torga aprendeu nos penhascos e fragas os tons da liberdade, com que lutou toda a sua vida, tendo ele próprio sido uma montanha em estado natural, em formas de dureza e de contemplação do que somos.

Miguel Torga é o pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, de um escritor que nos devolveu o valor da paisagem e do património como construção humana, como território onde se afirma a nossa natureza de limites finitos. Miguel foi uma homenagem em memória de dois valores elevados da cultura universal, justamente Cervantes e Unamuno. Torga, como memória de um espaço único, maravilhoso e bravio, Trás-os-Montes e as suas plantas que crescem entre as rochas.

Torga apresenta-nos nas suas diferenciadas páginas de poesia, prosa e teatro, o relevo e a pele vivos desse Reino, que ele chamou de Maravilhoso e que com espanto e coração nos deu entre as cores dos planaltos e das serras, a poesia do olhar das pessoas que por ali revestiram a paisagem de um modo de ser. Da sua vasta obra podemos destacar na poesia, na prosa e no teatro, títulos significativos como, Os Novos Contos da Montanha, A Criação do Mundo ou os seus Diários. A sua obra encontra-se traduzida em várias línguas, tendo sido premiada pela sua beleza e lucidez do seu canto.  

Miguel Torga representa na dimensão humana o carácter duro, mas solidário, frontal, mas apaixonado por uma consciência em que os valores permanecem pela liberdade e dignidade humanas. Há nas suas palavras um encanto silvestre e a originalidade de um espaço único, especial, o maravilhoso.

A sua obra, a sua figura são a morada de um tempo quase eterno, onde uma paisagem fez nascer a liberdade e a beleza. As palavras de Torga são a consagração da geografia sobre o tempo, quando neste País as suas palavras eram, à semelhança de outros pouca aproveitadas para transformar o real.

No país cinzento de Salazar um homem desta grandeza ficou encerrado no seu património criativo e na paisagem que o fez nascer.Quando tantas vezes procuramos compreender o atraso cultural e de cidadania que nos atinge é importante compreender esta sangria que demasiadas vezes o poder político tem feito na cultura. As palavras de Torga e o seu grito pela liberdade são uma inspiração e estão acima das limitações do tempo. O momento actual revela-nos como nos esquecemos do valor das pessoas e como dispensamos de qualquer acção política o valor do que é digno, do que é aceitável.

(1) Miguel Torga, Diário, Coimbra, 1993
Imagem, in ocatarrodaformiga.blogspot.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Concurso Nacional de Leitura


Concurso Nacional de Leitura 2011-2012

A decorrer a edição do concurso nacional de leitura, na edição 2011-12, por onde os alunos do 3º Ciclo terão à sua descoberta os livros A Aia, de Eça de Queirós, Sexta-Feira ou a Vida Selvagem, de Michel Tournier e A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, de Mário de Carvalho.

Esta eliminatória, a 1ª, realizada no Agrupamento foi organizada pelas Bibliotecas Escolares e pelo Departamento de Línguas. Decorreu no dia 5 de Janeiro, na Biblioteca Júlio Dinis, que se situa na Escola Secundária do Agrupamento. Participaram vinte alunos (17 do 8º ano e 3 do 9º ano).

Apuraram-se para a fase distrital, que será realizada na Biblioteca Municipal, a designar pela DGLB, as seguintes alunas:

- Cláudia Sacramento - 8ºC;

- Teresa Parreira - 9ºC;

- Beatriz Faria - 9ºC.

Parabéns às alunas vencedoras e um obrigado a todos os que participaram

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

No nascimento de Tintin

A 10 de Janeiro de 1929, nascia como suplemento do jornal diário "Le Vingtiéme Siécle", uma das figuras mais populares da BD, justamente Tintin. Imaginado por Hergé, ele é uma criação que "jovens" de todas as idades puderam ler e assim viajar por um imaginário muito especial. Com personagens inesquecíveis, Tintin, um jornalista que acompanhado do eu cão Milu, parte para sucessivas aventuras de descoberta do mundo.

"Tintin no País dos Sovietes", primeiro álbum de aventuras pela longínqua Rússia, obteve um imenso sucesso, mesmo em reedições tardias. Retratando o que era a sociedade soviética, delineou os seus fundamentos mais trágicos, e de certo modo contribuiu para a ideia do que seria esse espaço humano, nos limites da sobrevivência pela liberdade.

Muitos outros álbuns sucederam a "Tintin no País dos Sovietes", numa colecção de aventuras que nos deixa fascinados por esta experiência como viajantes, por onde se olham novos povos, culturas, o passado e o futuro. Trabalhando como uma equipa de colaboradores que estudavam a História, a Geografia, A Arqueologia, a Ciência, as suas aventuras liam o imaginário com uma fonte segura de informações.

Tintim foi um êxito e sê-lo-á por muitas gerações. Ele é a confirmação da nossa necessidade de aventura, da descoberta como experiência de vida. O capitão Haddock, o professor Girassol, Dupond e Dupont são os instrumentos de uma aventura mais divertida e isso faz desta BD algo mais do que simples tiras dedesenhos.

Tintin dá-nos a atmosfera de uma Europa que em tempos soube ter curiosidade pelo mundo, onde jornalistas informados  e curiosos nos informavam sobre imagens e aventuras  descobrir. E essa informação era também um desafio e um serviço para novas ideias de organizar as sociedades. Tintim, é pois o reflexo de um espírito que procurava conhecer outras culturas, isto é, um diálogo para o conhecimento de um mundo de diferentes cores e possibilidades. 

Aos admiradores deste herói, que será de todos os tempos, apesar de estarmos a perder a individualidade das vozes espalhadas no mundo, uma loja que expõ o imaginário deste viajante. Em Março Tintin será uma das figurasem destaque nas BE do Agrupamento.

Imagem, in Kenwilsonelt.wordpress.com

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Memória de Malangatana

"(...) mas eis que,
de um qualquer pátio,
me chegam silvestres risos
de meninos brincando

Riem e soletram
as mesmas folias
com que já fui soberano
de castelos e quimeras.

Volto a tocar a parede fria
e sinto em mim o pulso
de quem para sempre vive

A morte
é o impossível abraço da água" (1)


(1) Mia Couto, O bairro da minha infância

(Os dias trazem-nos esta melodia difícil, em que o esquecimento físico parece tão significativo, para a memória construída. Aqui lembramos um homem cuja visibilidade pelos dias já nos deixou há um ano, por onde deu substância à entidade de um povo, como espaço de vida. Pelas margens dos rios, entre as cores respiradas que se instalam nos sons das palavras. Malangatana e a sua arte criativa dá-nos o fascínio pelas cores de África, mantendo o seu património humildemente pela extensão dos dias, revelando o mais importante da sua dimensão humana.

Dia de Reis

Ilustração de Ale Balanzario, The Three Kings

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

No Dia Mundial do Braille

Como apreendemos o mundo? Que papel tem a visão na descoberta do mundo e na compreensão dos significados? Como descreveríamos o sabor fresco do morango, a textura doce da pêra ou a queda de uma folha de uma árvore se não a pudéssemos visualizar? Com que palavras daríamos a conhecer o sabor do chocolate ou o fio de água de um rio?

No dia Mundial do Braille a proposta de um livro que nos oferece a possibilidade de fazer um viagem e com ele sentir sensações de descoberta, à semelhança do que fazem as pessoas cegas. Não é um livro novo, mas é um livro especial. Com ele, Menena Cottin e Rosana Faria, pela mão da Bruáa oferece-nos a possibilidade de construir uma ideia de jogo e descoberta entre o sentir e o ver.

Livro premiado no Bologna Regazzi em 2007 e considerado o melhor álbum ilustrado de 2008, pelo New York Times em 2008, é uma daqueles livros que nos conduz a uma percepção das possibilidades de outras linguagens e da sua aproximação à ideia crucial de que "o essencial é visível apenas ao coração".

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Recomeçar

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito de augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade, "Receita do Ano Novo", in Jornal de Poesia
Imagem, Thomas Ljunberg, Summer Evening, in http://1x.com