Tecer ideias, estabelecer conversações e partilhar saberes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Halloween (Profª Rita Almeida)


“Halloween”, traduzido como “Dia das Bruxas”, entrou na cultura portuguesa através dos meios de comunicação social, que começaram a divulgar imagens de um “carnaval fora de época” que os países anglo-saxónicos celebram. Os professores de Inglês são, também, grandes “culpados” desta divulgação. Chegando a outubro, todos eles se encarregam de falar sobre esta tradição que, aparentemente, nada tem a ver com a nossa cultura. Puro engano.
Esta celebração é mais antiga que o cristianismo. Nasceu no que é agora o Reino Unido e, também, no norte de França. Os habitantes destes lugares eram fiéis da religião wicca, cujos sacerdotes eram os druidas (lembram-se do Panoramix da poção mágica das histórias do Astérix?). Acreditava-se que na noite de 31 de outubro para 1 de novembro, os espíritos dos familiares falecidos regressavam às suas casas e podiam destruir as colheitas. Para apaziguar essas almas penadas, os seus familiares encarregavam-se de encher as suas casas de alimentos para os espíritos consumirem. Daí a tradição de se pedir doces, senão pregam-se partidas. Na tradição cristã, lembram-se “Todos os Santos” no dia 1 de Novembro e celebra-se o “Dia dos Fiéis Defuntos” no dia 2. Há uma forte ligação com o mundo espiritual em ambas as tradições.
Porque se mascaram as pessoas nestes dias? Para se divertirem, como nós fazemos no carnaval. Mas no início, faziam-no com medo de ser atacados por espíritos, tentando, assim, passar disfarçados nessa noite fatídica de 31 de outubro!
Porque se utiliza a abóbora com uma vela ( Jack-o’ - Lantern)lá dentro como símbolo destes festejos? Isto teve origem num conto popular irlandês, resumido aqui: um homem bêbado e mal educado enganou o diabo mais do que uma vez. Entretanto, morreu. Tentou entrar no céu, mas não foi aceite. O diabo também não quis, temendo ser enganado novamente, mas deu-lhe um pedaço de carvão para iluminar o seu caminho. Ele colocou-o dentro de um nabo (só mais tarde foi adoptada a abóbora) e, desde então, tem deambulado pelo mundo. Daí vem o seu nome: O Jack da lanterna. Há quem o veja na noite de 31 de outubro…
“Pão por Deus” e “Doçuras ou Travessuras”. Parte da tradição das “doçuras ou travessuras” (tricks or treats)já foi referido anteriormente, mas o principal motivo era a pobreza. As crianças aproveitavam a época festiva e apelavam à caridade. Em Portugal, nalgumas localidades, há a tradição de as crianças andarem de porta em porta a pedir “pão por Deus” no dia 1 de novembro. Esta tradição também teve o seu início na pobreza: o terramoto de Lisboa no dia 1 de novembro de 1755.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sophia - Autor do Mês de Outubro

" A coisa mais antiga que me lembro é uma tarde de Primavera em que eu talvez ainda não tivesse nascido, pelo menos não me lembro de estar ali - só me lembro da claridade difusa daquele quarto em que a Primavera entrava. Uma calma infinita poisava sobre as coisas - como se fosse o princípio do mundo e tudo estivesse intocado". (1)


Do autor do mês na Biblioteca um recurso digital que traça a imensa graça e beleza das suas palavras, sempre à procura do dia limpo e da claridade para olhar o esplendor do mundo. A conferir. Aqui.


(1) Cadernos de Sophia, da Exposição da BN realizada em 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dia das Bibliotecas Escolares

"A Biblioteca protege da hostilidade exterior, filtra os ruídos do mundo, atenua o frio que reina em volta, mas confere, igualmente, uma sensação de omnipotência. Porque a biblioteca faz recuar as pobres capacidades humanas: ela é um concentrado de espaço e tempo." (1)

(No dia em que se celebra um espaço único que promove a leitura, a imaginação e o encontro com o outro, nas suas ideias e valores.)

Jacques Bonnet, Bibliotecas cheias de fantasmas

Jornal Escolar



(Jornal Escolar do Agrupamento)

domingo, 23 de outubro de 2011

Sophia

"Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito da verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo (...) somos, por  direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser." (1)

Sophia, "Posfácio", in Livro Sexto

(É nas Bibliotecas do Agrupamento o autor do mês de Outubro)

Ana Godinho - 11ºB

Coruche - Flor do Ribatejo
Situada em pleno coração ribatejano, a vila de Coruche impõe-se com a solenidade das suas paisagens, típicas desta região. A todos aqueles que visitam Coruche, após passarem as saudosas pontes, é impossível que fiquem indiferentes ao cenário com que são presenteados: o rio Sorraia – que beija a vila discretamente – recortado pelos campos verdes.

No cimo da vila, o castelo sorri a todos os que o contemplam, e à direita, a praça de touros, como não podia faltar em região ribatejana. Esta pacata vila tem todos os ingredientes necessários para se passar um dia diferente em família, desde a gastronomia, até à sua História. Ainda a propósito, o nome “Coruche” deriva dos tempos de conquista, nos quais esta região era predominantemente ocupada por “corujas”. Desde então, a sua fonia foi sofrendo alterações, até à sua forma atual, “Coruche”.

Sendo uma região rural, o seu povo cultiva no seu íntimo variadas lendas acerca da sua História e de alguns dos seus locais mais emblemáticos, como o Pelourinho, ou o Castelo de Nossa Senhora. Durante o mês de agosto, esta região é, naturalmente, festivaleira, com diversas homenagens prestadas à Santa Padroeira: procissões, cortejos… 

Para aqueles que preferem passeios mais calmos, intimamente ligados à natureza, podem também visitar a zona ribeirinha, recentemente modernizada, ou descansar no recanto de um dos jardins. Isto, claro, após saborear uma “Areia do Sorraia”, ou um “Campino”. A oferta é bastante variada, e faz desta vila um local muito simpático, que certamente não desiludirá aquelas que a visitarem.

Apresentação da Biblioteca Escolar

Mapa_1

Outubro - Mês Internacional da BE

Aqui fica o cartaz das BE do Agrupamento para celebrar o mês Internacional da Biblioteca Escolar 

Apresentar um Livro - Profº Luís Campos

Dois livros, uma  ideia  comum, um projecto de solidariedade para os dias que vamos vivendo num planeta onde milhões não têm as condições mínimas para no futuro de todos os dias aceder à alfabetização, a uma alimentação e saúde sem pobreza, violência ou exploração humanas. 
Tentar mudar o quotidiano de crianças, onde os valores universais parecem longe de chegar. Os dois livros estão unidos pela ideia de que cada um de nós individualmente, com a sua iniciativa e vontade pessoal pode mudar, pode ajudar a alterar o que é não só injusto, como indigno. 
Primeira história - Um jornalista espanhol ao visitar Bombaim descobre em que condições vivem centenas de crianças, sujeitas à doença, à fome, à prostituição e a um mar de violências. Num ato de grandeza, generosidade e crença na vontade, consegue recuperar muitas crianças, criando orfanatos devolvendo-lhes esperança e dignidade perdidas.


Segunda História - Um alpinista americano, ao escalar o K2, a segunda maior montanha da Terra, conheceu no pobo balto a hospitalidade simples de uma cultura ancestral. No território do fundamentalismo islâmico, entre os Talibãs e o caminho da Al-Kaeda, um homem tenta construir a paz e o desenvolvimento de pequenas comunidades. Entre o Afeganistão e o Paquistão, um homem ensaia um conjunto de parecerias para construir escolas, especialmente para meninas, onde o trabalho comunitário e projectos de desenvolvimento local ensaiam ultrapassar os cenários violentos dos atentados

Em ambos os livros se respiram lições de vontade, inteligência e solidariedade. Lições de recompensa, pelo brilho dos olhos das crianças na ideia de que só de olhos abertos se pode compreender  o mundo e nele intervir. 
Duas leituras que envolvem livros, sonho, esperança e determinação na vontade humana. Dois projectos de criação de ONG's que nos demonstram que a vontade  e determinação individuais são essenciais, pois cada um de nós representa "o resto da Humanidade", nas palavras sábias de Krishnamurti.
Aos interessados em explorar estas duas iniciativas, ou fazer a sua divulgação, pois elas ultrapassaram muito os livros, poderão consultar os links abaixo:


Nota de abertura


"Fazer de cada página um barquinho de papel e deixá-lo navegar na esperança de que outra mão o receba". (1)

Biblioredes pretende ser um espaço digital que aproxime diferentes elementos de uma comunidade educativa e que permita aquilo que mais faz viver uma biblioteca. Justamente organizar uma conversação, reunindo ideias que reflectem sentidos, tons, linhas e sonhos que pelos livros fazem viver as palavras.

Durante os próximos meses procuraremos ser um espaço, um ambiente de comunicação onde se falam sobre a cordialidade dos sonhos, dos que retratam a natureza humana. Fazemos parte de uma espécie que utiliza a palavra para se exprimir, para como diz António Lobo Antunes, "estar mais perto do coração da vida".

As palavras, uma das formas primordiais de exprimirmos o que somos, as emoções que nos fazem dar significado à aventura humana. É assim, também pelos livros, que medimos a memória dessa ambição de tocar a beleza e a liberdade. Caminhamos com as palavras numa viagem atribulada, inconstante e desconhecida por onde se tecem fios que nos dão as formas do que somos. Conduzimos pelos livros uma imensa aventura onde procuramos acrescentar uma linha, um verso, um traço, uma palavra à fantástica aventura da vida. Lemos para renascer todas as manhãs, nos universos finitos em que nos exprimimos.

Falaremos aqui do universo das palavras e dos seus operários, os escritores,  "ilhas fraternas de ternura" (2), no sentido de que mais possam ler, pensar, questionar, escrever. Este pretende ser um projecto em que um conjunto variado de pessoas ligadas a uma comunidade educativa que pretende partilhar leituras, trocar ideias, participar numa conversação.

Ao ser um blog de um agrupamento com diferentes ciclos procuraremos dar uma amostragem para esses diferentes públicos de livros e atividades de diferentes contextos. Deixamos uma primeira proposta ou iniciativa. Sugerimos que professores, educadores, funcionários e encarregados de educação apresentem brevemente um livro que tenha tido para eles um significado especial, pela ideia, pelo espaço, tempo ou prazer de leitura.

Agora que se inicia este projeto, deixamos aqui um palco, uma breve luz onde o Homem e a sua humanidade, o seu conhecimento, as suas emoções serão o elemento aglutinador a dinamizar neste projecto de literacia da leitura e da escrita.

(1); (2) - António Lobo Antunes, Livro de Crónicas 2