Raul Germano Brandão nasceu na Foz do Douro a 12 de março de 1867, localidade onde passou a sua adolescência e mocidade. Sendo filho e neto de homens do mar, o oceano e os homens do mar foram um tema recorrente da sua obra.
Depois de uma passagem menos feliz por um colégio do Porto, Raul Brandão alinhou no para o grupo : “ Os Nefelibatas”1 do fim do século. Simbolistas. Anti-sociais, consideravam a sociedade uma fera, pavoneavam-se de rebeldes por sistema, sem motivos aparentes sequer .É sobre o signo desta ideologia, que desperta para o mundo das letras e publica as suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com este ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado. Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária.
Frequentou no Porto o Curso Superior de Letras e matriculou-se depois na Escola do Exército para satisfazer a mãe. Entrou para a ativa militar em 1888. Promovido a alferes em 1896, foi reformado no posto de major, em 1912. Como alferes, foi a Lisboa, onde se dedicou ao jornalismo. Colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje, da qual foi codiretor (1894-1896), e em A Arte, sendo chefe de redação dos jornais O Dia e A República. Estreou-se na literatura com os contos naturalistas Impressões e Viagens (1890). A influência do grupo do Porto de boémios nefelibatas1, entusiastas do simbolismo decadente, nota-se ainda na História dum Palhaço (1896).
A partir de 1903 mudou-se para a Casa do Alto, nos arredores de Guimarães. Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e estudos históricos. A sua prosa, simples e tensa, tem forte dramaticidade e visível idealismo no lírico anarquismo niilista2. Os seus textos resumem simpatia e angústia ao evocarem as desgraças dos humilhados e ofendidos, sob influência direta da leitura de Dostoievski, sendo nesse aspecto um caso ímpar na prosa portuguesa.
Faleceu a 5 de dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, deixando uma extensa obra literária e jornalística.
1–Nefelibata (grego nephéle, -es, nuvem + -bata) Que ou pessoa que anda ou vive nas nuvens. Que ou quem é muito distraído. Diz-se de ou escritor, geralmente excêntrico, que faz prosa e versos nebulosos. 2-Niilismo (latim nihil, nada + -ismo) -Redução a nada. Negação de todo o princípio religioso, político e social. ( o niilismo está associado ao filósofo Friedrich Nietzsche
Notas Bibliográficas
Algumas obras da sua vasta Bibliografia:
· Os Pobres (1906)*
· Húmus (1917),
· Memórias (1919, 1925, 1933), em três volumes,
as peças de teatro :
· O Gebo e a Sombra (1923)
· O Doido e a Morte (1923) *
· Pescadores (1923)
· As Ilhas desconhecidas(1926)*
· O Pobre de Pedir (1931)
· A Noite de Natal (em co-autoria com Júlio Brandão)*
* Disponível na BE
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Brand%C3%A3o
"O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas."
in"Húmus"
“Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio de luz que me trespassa. Tomo então apontamentos rápidos – seis linhas – um tipo – uma paisagem. Foi assim que coligi este livro,
juntando-lhe algumas páginas de memórias. Meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadrinhos do ar livre, são melhores quando ficam por acabar. Estas linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. – Eu também nunca mais a esqueci…”
in “Os Pescadores”
alinhou no para o grupo : “ Os Nefelibatas”1 do fim do século. Simbolistas. Anti-sociais, consideravam a sociedade uma fera, pavoneavam-se de rebeldes por sistema, sem motivos aparentes sequer .É sobre o signo desta ideologia, que desperta para o mundo das letras e publica as suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com este ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado. Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária.
Frequentou no Porto o Curso Superior de Letras e matriculou-se depois na Escola do Exército para satisfazer a mãe. Entrou para a ativa militar em 1888. Promovido a alferes em 1896, foi reformado no posto de major, em 1912. Como alferes, foi a Lisboa, onde se dedicou ao jornalismo. Colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje, da qual foi codiretor (1894-1896), e em A Arte, sendo chefe de redação dos jornais O Dia e A República. Estreou-se na literatura com os contos naturalistas Impressões e Viagens (1890). A influência do grupo do Porto de boémios nefelibatas1, entusiastas do simbolismo decadente, nota-se ainda na História dum Palhaço (1896).
A partir de 1903 mudou-se para a Casa do Alto, nos arredores de Guimarães. Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e estudos históricos. A sua prosa, simples e tensa, tem forte dramaticidade e visível idealismo no lírico anarquismo niilista2. Os seus textos resumem simpatia e angústia ao evocarem as desgraças dos humilhados e ofendidos, sob influência direta da leitura de Dostoievski, sendo nesse aspecto um caso ímpar na prosa portuguesa.
Faleceu a 5 de dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, deixando uma extensa obra literária e jornalística.
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