Raras vezes a leitura de um livro nos concede a respiração da liberdade de quem se guiou pela dignidade e pela beleza. A leitura, fracção limitada das palavras por onde respiramos docemente à grandeza humilde de um ser de excepção. O renascimento nas ideias, a experimentação material do real em lições de simplicidade e saber.
Se as palavras podem transcrever o real, poucas vezes elas nos deram o saber natural de um mestre. A palavra hoje está perdida, pois há demasiados sábios no horizonte, mas Rómulo foi alguém que nos soube conduzir pela curiosidade, encaminhar pela dúvida que renasce na esperança de criar sorrisos e palavras novas. O conhecimento e o saber como meditação e testemunho da nossa humanidade é a memória que ele nos deixa, enquadrada numa ética natural de uma raridade que nos contempla e nos engrandece.
Ser um homem de cultura, do saber que procura compreender, sem as pretensões da intelectualidade, ser um "jovem" na atitude, na contemplação, na criação de ideias, foi o seu grande testemunho.É uma lição contínua. "perpétua", disponível aos que quiserem aprender. Memórias de Rómulo de Carvalho é um livro delicioso, pelo testemunho, mas sobretudo porque realiza o maior desafio de um livro, estabelecer uma conversação.
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