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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Memória do Holocausto

"Quem me dera poder mostrar-te, poder fazer com que visses...o renascimento desta nova Alemanha guiada pelo nosso Amado Chefe! Um povo tão grande não podia jazer eternamente subjugado pelo mundo. (...)Há movimentos que são muito maiores do que os homens que os desencadeiam. Pela minha parte, faço parte do movimento. (...) Esta censura, estas perseguições aos espíritos livres, o incêndio de bibliotecas e a corrupção das universidades haveriam de merecer a tua indignação, mesmo que ninguém tivesse levantado a mão contra os da minha casa."
"A inexorável marcha para o terror racial começou no dia em que se tornou chanceler. Em Fevereiro de 1933, foram suspensas as liberdades de expressão, associação, imprensa e outros direitos básicos. (...) O Estado de Direito foi substituído pelo terror policial arbitrário. A compaixão, a humildade ou o amor ao próximo eram escarnecidos como fraquezas pela elite nazi, e o fanatismo racial, liderado e imposto pelas SS, começou a derrubar a porta da rua,que sempre protegera as pessoas dentro de suas próprias casas."

(Deixamos dois livros sobre essa inquieta questão de explicar como foi possível um homem com o percurso de Hitler construir um regime, em que tantos se calaram, se acomodaram ao sofrimento de milhões. Nesta inexplicável narrativa, a cultura, a literatura e as artes mantiveram-se na Alemanha Nazi. De que valem elas se são indiferentes ao sofrimento?

E é este o mistério que a Historiografia continua a tentar responder, "deslindar o essencial da história desta feliz coincidência entre a desumanidade mais sistemática e uma forma de simpatia ou indiferença geradora de uma cultura tão elevada" (George Steiner, O Silêncio dos Livros). O nazismo, corolário da genialidade do mal, revela-nos como dos livros à rua, da cultura à vida há uma distância maior que a vida de um ser humano).

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