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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Memória de Malangatana

"(...) mas eis que,
de um qualquer pátio,
me chegam silvestres risos
de meninos brincando

Riem e soletram
as mesmas folias
com que já fui soberano
de castelos e quimeras.

Volto a tocar a parede fria
e sinto em mim o pulso
de quem para sempre vive

A morte
é o impossível abraço da água" (1)


(1) Mia Couto, O bairro da minha infância

(Os dias trazem-nos esta melodia difícil, em que o esquecimento físico parece tão significativo, para a memória construída. Aqui lembramos um homem cuja visibilidade pelos dias já nos deixou há um ano, por onde deu substância à entidade de um povo, como espaço de vida. Pelas margens dos rios, entre as cores respiradas que se instalam nos sons das palavras. Malangatana e a sua arte criativa dá-nos o fascínio pelas cores de África, mantendo o seu património humildemente pela extensão dos dias, revelando o mais importante da sua dimensão humana.

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